A Transparência nos Dados de Alfabetização e o Erro do Método Construtivista

A Transparência nos Dados de Alfabetização e o Erro do Método Construtivista

Por Filipe Celeti

Recentemente, o governo Lula atrasou a divulgação dos dados de alfabetização no Brasil, alegando conflitos nas informações apuradas. No entanto, a decisão gerou uma forte repercussão negativa, levando o ministro da Educação, Camilo Santana, a ordenar a publicação dos resultados pelo Inep. Essa tentativa de retenção dos números levanta questões sobre o uso político da informação e a falta de compromisso com uma discussão séria sobre a qualidade da alfabetização no país.

Os dados divulgados mostram que apenas 49,3% das crianças do 2º ano do ensino fundamental foram consideradas alfabetizadas pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) em 2023. Esse percentual representa uma recuperação parcial em relação ao índice de 2021 (36%), mas ainda está abaixo dos 55% registrados antes da pandemia, em 2019. Curiosamente, o governo federal apresentou outro indicador, o "Criança Alfabetizada", que aponta um número mais alto: 56%. A discrepância de sete pontos percentuais entre as duas medições levanta dúvidas sobre os critérios adotados e expõe a falta de transparência na condução dos dados educacionais.

A alfabetização no Brasil tem sido guiada pelo método construtivista, inspirado nas teorias de Emília Ferreiro. Essa abordagem parte da ideia de que a criança deve "descobrir" o funcionamento da escrita por meio da experimentação e da formulação de hipóteses, sem uma instrução sistemática sobre a relação entre fonemas e grafemas. O problema é que esse modelo tem sido amplamente criticado por pesquisas na área da educação, que indicam que a abordagem mais eficaz para a alfabetização é o método fônico.

O método fônico, baseado em evidências científicas, ensina a relação entre letras e sons, permitindo que as crianças decodifiquem palavras e desenvolvam uma leitura fluente e compreensiva. Nos países que adotam essa abordagem, os níveis de alfabetização e compreensão textual são significativamente superiores. No Brasil, no entanto, essa metodologia é amplamente negligenciada em favor do construtivismo, resultando em dificuldades de leitura e baixo desempenho em avaliações de proficiência.

Outro ponto crucial é que saber ler não significa necessariamente compreender o que se lê. Muitas crianças consideradas alfabetizadas conseguem decodificar palavras, mas têm dificuldades em interpretar textos, inferir significados e estabelecer conexões entre informações. Esse fenômeno evidencia que a alfabetização não deve ser medida apenas pela capacidade de ler palavras isoladas, mas também pela capacidade de compreender e utilizar a leitura de forma funcional.

A resistência à adoção do método fônico no Brasil não é uma questão técnica, mas política. O governo Bolsonaro, por exemplo, lançou um portal sobre alfabetização baseado no método fônico, que foi descontinuado pela gestão de Lula em 2023. A decisão de barrar um recurso fundamentado em evidências científicas revela uma abordagem ideológica na formulação das políticas públicas de educação, colocando interesses partidários acima da qualidade do ensino.

Além disso, a discrepância entre os dados do Saeb e do Indicador Criança Alfabetizada demonstra um problema maior: a manipulação da informação para criar uma falsa sensação de progresso. Se o Brasil deseja, de fato, avançar na alfabetização e elevar os níveis de compreensão leitora, é necessário abandonar modelos ineficazes e implementar práticas comprovadamente eficazes.

O método fônico não é uma questão de opinião, mas de evidência científica. Sem uma mudança estrutural na forma como alfabetizamos nossas crianças, continuaremos a ver números que, apesar de parecerem positivos na superfície, mascaram um problema profundo na educação brasileira.

Quer entender como o construtivismo destruiu o aprendizado e a disciplina nas escolas?
Leia Repensar a Educação, de Inger Enkvist, e descubra como esse modelo comprometeu a qualidade do ensino.
Disponível aqui na Bunker Editorial.

Repensar a Educacao - Inger Enkvist

#Educação #Alfabetização #MétodoFônico #Construtivismo #Crianças #Escola #PolíticaEducacional #Leitura #Brasil #Ensino #Aprendizado #Saeb #Governo